sábado, 30 de junho de 2012

Trecho do poema "Dos nossos males", Mário Quintana

A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...

domingo, 24 de junho de 2012

Minha vida com babalús


"(...) Seja como for, você gosta de ficar assim: lutando contra o frio, sentindo a água penetrar na sua camisa e a sensação do chão ficando fofo debaixo dos seus pés e do cheiro. Do som da água batendo nas folhas e de todas as coisas que estão nos livros que você não leu. Essa é você." 
(Minha vida sem mim)

Já é noite e ainda tô usando pijama. Mania de passar o domingo inteiro de pijama todo mundo tem, não me deixe com vergonha de contar isso pra você. Ainda por cima é feriado e tá tudo nostálgico. Mentira, apenas alguns detalhes que agora eu percebi. Acho que hoje vivi um pouquinho umas bobagens que eu tava com saudade de viver, mas às vezes a saudade vinha e eu deixava ela pra lá e ia viver outras coisas. Consegue entender? 
Hoje eu assisti um filme que tinha visto há muito tempo e foi muito bom, porque ele é simplesmente bonito de se ver e sentir. A gente fica com mensagens reflexivas na cabeça quando vê esses tipos de filme, a gente fica pensando sobre a vida. E esse filme fala exatamente sobre a vida (ou seria a morte?). Às vezes é ruim pensar demais nisso, mas de vez em quando faz bem. Depende da forma em que a gente vai pensar. A questão não é nem pensar, não é isso que quero dizer... Eu quero dizer sentir a vida, sabe?
E eu nunca mais tinha ficado um tempo em casa deitada na cama da minha mãe, conversando com ela porque ela tá querendo me ouvir e eu tô querendo falar e vice-versa - nada unilateral, sabe? Foi bonito ver o interesse da minha mãe por mim e por minha vida. Se eu pudesse ver a gente daquele jeito, como num filme, ia pensar "esse é meu filme preferido para sempre". Isso que deve ser essa coisa de sentir os momentos, né?
E um bom momento de hoje foi o jantar: eu jantei comida chinesa, que fazia algum tempo não comia. Isso me lembra minha infância, porque sempre tinha comida chinesa lá em casa e eu adorava, porque sempre fui a gulosinha. Essas horas de comida diferente são ótimas aqui: um monte de alimento a nossa frente e a gente brigando pra que ninguém termine tudo. É divertido.
Agora eu abri um bubbaloo babalú de tutti frutti e comecei a pensar mais ainda na vida. Eu nunca mais havia sentido o gosto e a textura do babalú. Taí, a gente vai vivendo e esquece de sentir o gosto e a textura de muita coisa... Não quero que a morte venha bater na minha porta pra que eu fique pensando na vida e em quantos babalús perdi, e quantos não tive... Mas acaba sendo assim. Tem jeito não. Vou vivendo do meu jeitinho mesmo. Só fico pensando: será que dá certo assim e eu fico satisfeita no fim? Alguns babalús e um pouquinho da vida, porque não dá pra ter tudo. Tudo bem assim?... Bom, a gente nunca tá satisfeito... Nem no começo, nem durante, nem no fim de nada. Né?

eu gosto é do estrago?

Até onde vai tudo isso? Encontrar-se não é muito fácil, eu sei. E como sei. Mas por que ir tão longe? Por que perder-se tanto antes de chegar a algum lugar? Sempre as escolhas erradas... E já sabemos o que estamos fazendo, já temos consciência do "certo" e "errado", então deveríamos saber escolher, não? Mas queremos o erro, porque às vezes gostamos de nos perder, gostamos do que é perigoso. Eu acho que é assim. 
Mas quem disse que existe certo e errado? Ah, é verdade, o mundo lá fora. Mas e meu mundo, não conta? Você sabe que não dá para pensar sempre assim. É, talvez até dê, talvez até alguns consigam... E então pensam que se encontram plenamente, mas o que realmente conquistam na vida?... Eles "chegam lá"? Talvez conquistem a vida, não é? E você quer muito isso. É, não sei o que é melhor. Fazer de tudo para não errar deve ser a maior forma para se perder. Ou não? Melhor ir errando e vendo no que vai dar? Dizem que aprendemos com nossos erros, e acho que todos concordam com isso. Então talvez não seja tão horrível errar e se perder. Talvez a gente se encontre uma hora, porque a gente aprende.
Sei lá. Vai ver eu ainda sou a mesma "complicada e perfeitinha" de sempre. Só tô tentando colocar na minha (nossa) cabeça que vai dar tudo certo no final.


"E se eu for o primeiro 
a prever e poder desistir 
do que for dar errado?"

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A: - Mais um cigarro. Só mais um. - ela disse.
B: - O último de hoje, né?
A: - Ah, me deixe em paz.
B: - Foi apenas um comentário... Solte a fumaça pro outro lado, que tal?
A: - E aí você me deixa em paz?
B: - Sim, aí eu fico calada. E eu paro até de me preocupar com seu pulmão.
A: - Não precisa se estressar.
B: - Você se estressou primeiro... Solta essa fumaça pro outro lado! 
A: - Desculpe. 
E ela virou a cadeira pro lado oposto. Ficou assim por aparentemente 10 minutos - talvez menos - e em silêncio. Até que ele foi, finalmente, quebrado.
B: - ... Pare com isso. Eu nunca vou deixar de me preocupar com seu pulmão.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Queria ver o rosto das pessoas quando as abraço. Aliás, queria ver o coração delas.

um porém

Como se tudo estivesse como tem que ser... Mas cadê o tempo?
O tempo está correndo e eu estou atrasada. Ou parada.
E dessa vez há um caminho. Mas o tempo me atropela no caminho.
...
Medo de demorar. Medo de não chegar.
Todos ao redor vão atravessar o caminho, vão seguir junto com o tempo.
E eu? Vou parar?... Não vou me adaptar?

sábado, 16 de junho de 2012

"Senta aqui, que hoje eu quero te falar..."

Queria saber o que você realmente sente. E como você tem se sentido em relação a tudo.
É claro que há tristeza, é claro que há raiva. Isso tudo eu sei... Mas há amor sincero e suficiente para que possa superar? Para que possa suportar? 
Queria saber se precisa de ajuda. Se está "bem" assim como está. Mas é difícil chegar mais perto e tentar ajudar de verdade. Porque não sei o que dizer, porque não sei o que fazer. Porque não sei muito bem o que se passa por dentro de você. Por fora é impressionante a pessoa forte que vejo tantas vezes... Porém seus momentos de fraqueza me deixam tão triste, tão desorientada. E eu sei que, no fundo, há muito mais fraqueza do que parece haver. Eu só não consigo chegar lá e agarrar isso, abraçar isso, espantar isso. 
Só sei que você merece muito mais felicidade. Muito mais amor. Muito mais vida. Gostaria de saber quando esses "muitos" virão. Gostaria de puxar você desse pesadelo.
Talvez possam achar que eu esteja sendo egoísta por não estar pensando nos outros que vivem tal sonho ruim, apenas em você... Ou talvez não, afinal eu estou pensando em você e não em mim. Bom, não sei. O que sei é que esse "egoísmo" aqui, para mim, é amor. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

um pouco do jogo

Tentar olhar o mais fundo de cada um. Medo.
Eu me enxergaria mais. Ou menos?

Quem tem a verdade? Ninguém é a verdade.
Teste e veja.
Testar e descartar?
Cruel, mas real.