sábado, 31 de março de 2012

where does the sun go?


E quando a tinta da caneta acaba?
Claro que não é o fim do mundo, não é?... Tantas outras canetas por aqui. Ou posso usar o computador, ao invés de escrever à mão. 
Talvez o texto não saia perfeito com uma caneta diferente, e não tenha a mesma graça se for digitado... Mas antes ele não seria perfeito também, com certeza. Talvez o texto fique até melhor, vai saber.
E se for para desenhar meu sol... Bom, também dá para tentar com uma nova caneta ou com o mouse.
Sim, há outros meios para ir em frente. Para fazer a história e o sol aparecerem. Mas é difícil. 

Por mais que eu tente me fazer enxergar como se faz para conseguir, é difícil.

quarta-feira, 28 de março de 2012


"(...)
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. 
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. A vida que aos poucos se gasta. E que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma."

(Marina Colasanti)