sábado, 19 de janeiro de 2013

"It's so lonely when you don't even know yourself"

Faz tempo que não paro para me observar devidamente. Reflexões surgem a todo momento, enquanto ando de um cômodo a outro, enquanto atravesso a rua... Quando tomo um café, leio um texto desses que mexem com o pensamento, ou ainda enquanto tomo banho. Enfim, relances reflexivos aparecem a qualquer hora, no dia a dia... Mas são apenas pensamentos vagos, inconclusivos e confusos. Estou confusa. Alguma coisa se perdeu em mim e deve ser por isso que nunca me encontro no meio dessa bagunça diária. Já não sei me caracterizar. Ou nunca soube.
Minha mãe encontrou algo que escrevi quando pequena, alguns adjetivos que me ilustravam perfeitamente - na realidade não sei se eu me via exatamente daquela forma; era como todos me viam (como ainda sou vista muitas vezes)... "Perfeccionista", "gulosa", "curiosa", "preocupada demais para minha idade"... Não me lembro de todas as qualidades descritas, apenas de "carinhosa", e sei que isso já não sou. Hoje ainda guardo algumas dessas ideias cristalizadas de mim, mas sei que sou muito além disso. Só não descobri o que esse "muito além" significa exatamente. E isso é angustiante.
Sou uma pilha de papéis, teorias, perguntas sem respostas, medo e insegurança, impulsos e tentativas de racionalidade... Sou uma tentativa de resgate da minha antiga sensatez - daquele antigo ensaio de uma perfeição racional constante - e ao mesmo tempo uma tentativa de voo livre. Sou uma tentativa de busca por um futuro concreto, mas sem iniciativa, sem coragem e/ou disposição suficiente - não sei muito bem qual das duas opções. É que, talvez ninguém perceba, mas eu sou um presente inconsistente. E todo mundo sabe que o amanhã é uma coisa ainda mais incerta. Então eu apenas tento concretizar tudo. Ou finjo que tento.

Pensando bem, analisar a si mesmo talvez não seja o melhor a fazer... É difícil, a gente não chega a nada. No fim das contas, continuo com minhas reflexões vagas, inconclusivas e confusas. Volto para o mesmo lugar.

Queria que alguém me falasse que isso tudo é uma bobagem. Lá no fundo, uma voz tenta me acalmar, mas nem sempre dá certo.

"It's hard to believe that there's nobody out there.
It's hard to believe that I'm all alone."