domingo, 23 de novembro de 2014

sempre houve um muro. talvez três muros: cada mundo tinha sua fronteira e não queria rompê-la, as fronteiras se estenderam em um forte cheio de estratégias de defesa. vez ou outra era possível enxergar através do muro, por pequenos buracos, e perceber interesse e curiosidade. vez ou outra um dos mundos sentia-se leve e ia quebrando um pedacinho da sua fronteira... mas nunca houve uma revolução que derrubasse tudo, causando o encontro total dos mundos. esse contato seria arriscado, geraria conflitos, revelaria medos e segredos. mas, por outro lado, em algum momento poderia vir a se tornar uma relação de identificação e paz.
certo dia, uma ventania passou em apenas um dos mundos, derrubou a fortaleza que o envolvia e arrastou tudo pra longe, pro universo, pro vazio... pro perdido. separou de vez os dois lados desse jogo impossível. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vivo em nós

Exatamente assim, menino: em segundos, tudo pode mudar em nossa vida. Não é uma frase clichê que a gente vê em filmes, livros e músicas. É realidade. 
Hoje consigo me sentir viva e leve em muitos momentos. Nessas horas é como se aqueles segundos não tivessem existido e tudo estivesse como sempre esteve. Mas quando percebo que passei o dia sem lembrar de nunca esquecer você, tudo dói. Não me sinto bem com a permissão de viver um dia após o outro sem o peso que antes existia, sem você por perto de alguma forma.
Mas sei que lembrar fica mais fácil, com o tempo. Nunca será a mesma coisa que era antes de tudo, nunca será leve. Mas não precisa ser tão pesado trazer você para perto. Ainda há vida em mim e não quero perdê-la. E você faz parte de tantos sorrisos (e lágrimas), que é difícil dizer que não esteja vivo. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ainda é janeiro

No fundo, a gente sempre espera dos outros. Não precisa ser muito "no fundo", na verdade. Pode ser mais superficialmente. Não tem jeito: às vezes queremos troca, encontro real. Talvez eu espere demais, fique presa ao tempo-espaço de um acontecimento ultrapassado, que não passa dentro de mim. É sempre assim. Sou escrava do tempo dos ponteiros reais e do meu tempo também, que tem um "tic-tac" muito mais comprido, que às vezes para, como agora. Meu relógio parece estar quebrado. Eu aguardo... o mundo e a vida dão mil voltas. E a esperança surge, junto com o passar cronológico, e com o meu parado tempo. 
Por conta desse tudo-nada, eu não sei viver um dia de cada vez, não sei viver o hoje sem me preocupar com o amanhã. Eu sempre espero. Quero possuir o tempo, mas é ele que me possui, passa por mim enquanto aguardo e renovo as expectativas ainda mais, por cada vez menos. 
Eu tenho medo de ficar para sempre nesse descompasso. Por causa da espera e da esperança. Pelo outro? Pelo (im)previsível? Por nada.
Talvez eu perca muito mais além do tempo, esperando tanto... e recebendo tão pouco.