terça-feira, 22 de julho de 2008

Luto

Poucas são as pessoas que eu posso dizer com convicção que se importam comigo. Hoje uma delas não está mais aqui, e agora eu sinto algo que não sei explicar... Não sei se retribuí todo o carinho e preocupação que ele demonstrava por mim e é isso que mais me angustia. Imaginar que nunca mais o verei é triste demais e é doloroso demais.
Por mais que eu diga que aprendi que devemos mostrar a importância das pessoas na nossa vida hoje, porque um dia elas não estarão mais aqui conosco, eu não aprendi totalmente. Nunca esperamos que elas vão embora. No fundo, achamos que isso nunca vai acontecer e quando acontece, desabamos.
Hoje caí na real, acho que de vez, que tudo isso um dia acaba; essa vida que levamos tão vagarosamente e displicentemente nos escapa quando menos esperamos. Ninguém espera, nem nós nem os que estão ao nosso redor.
Meu pai se fecha numa fortaleza imaginária, mentirosa e cheia de imperfeições. Sinto-me mal por ele. Não é bom sofrer assim, abafado. Fico pensando também como será quando ele se for, e quando minha mãe se for. Não consigo me ver sem eles, acho que não aguentaria.
Minha avó sempre chora e se lamenta. Um dia ela vai estar melhor, vai se acostumar, mas nunca vai ter esse aperto no peito arrancado totalmente. Eu espero que ele diminua logo, para que ela possa viver como antes.
A vida da nossa família nunca mais vai ser a mesma sem o velhinho orelhudo do dedo torto, das balas, dos discursos, dos presentes... Sem o avô preocupado com todos, que queria sempre todo mundo reunido e feliz. Aquele que sempre lutou por nossa felicidade.
Ele nos deixou, mas nos deixou com a felicidade que nos proporcionou sempre e com as virtudes que ele cultivou na nossa família. A admiração que sinto por ele hoje é muito grande, e tenho medo de que ele não saiba disso. Eu só queria ter dito mais uma vez, olhando nos olhos dele: "Vô, eu te amo."