sexta-feira, 26 de março de 2010

devaneio.

- ... E o que você vai fazer agora?
- Não sei. Eu sempre tive cabeça e sentimentos muito equilibrados, mas a vida não está em sintonia comigo. Por mais que uma parte de mim fique alegre com algo, ou esteja bem decidida e tranquila em relação a alguma coisa... Vai ter um outro lado, triste e desiludido com a vida.
- Que drama.
- Eu sei.
- Você quer descobrir um sentido para a vida...
- E quem não quer?
- Eu.
- Você nem existe.
- Talvez o sentido que você tanto procura não exista, assim como eu.
- É, o fato de você não existir deve ser o motivo de você "saber" tanto da vida.
- Sim. É isso mesmo.
- ... Eu fui irônico.
- Eu também fui... Olha só, a verdade é que você esquece de viver enquanto tenta achar um equilíbrio para a vida.
- Equilíbrio que também não existe, não é?
- Talvez exista.
- Você me confunde.
- A vida é confusa. Você quer equilibrar tudo e acaba equilibrando nada.
- Queria um manual.
- Para quê?
- Para que eu conseguisse ver a consequência dos meus atos; que eu pudesse ver se vale a pena sonhar e idealizar tanto...
- Por que não valeria a pena?
- Porque se os sonhos não vão se realizar, de que adianta sonhar?
- Sonhar é também viver!
- Eu sonho muito...
- Poderia significar que você vive de verdade. Mas não é o seu caso. Até porque você não sabe sonhar. Você quer mesmo é prever o futuro. Isso é impossível.
- Eu sou muito ansioso. Crio expectativas demais em torno dos sonhos. Eu só queria saber escolher certo meu caminho... Se devo seguir mais pelo lado dos meus sonhos ou pelo outro lado...
- Não crie expectativas e não tenha medo das escolhas. Você pode errar.
- Aaah... Muito fácil falar!
- Eu sei. Por isso falei.
- Você não serve para nada mesmo.
- Nem você.
- ... Eu sei. Nem para viver.
- Tá. Então morra.
- Morrer deve ser mais fácil. Mas eu não quero.
- Você tem medo?
- Não, eu só não quero. Na verdade eu tenho medo de viver mesmo. Idealizo muito, sonho... Às vezes tenho todas as escolhas em mim, mas tenho medo. Não tenho certezas e...
- "Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar", como diria Shakespeare.
- É verdade mesmo. Mas e se as escolhas nos levarem a conquistar os males, e não as coisas boas? Não dá para prever.
- Lá vem você de novo, querendo ser vidente.
- Ah! Então não fique aqui. Não me ouça mais.
- Tudo bem... Tchau.
- Não, não vá!
- Eu vou sim. Vou viver.
- Então vá. Mas... volte.

2 comentários:

Anônimo disse...

ADOREI o texto!! É seu? Me identifiquei demais com ele! E é bom saber que algumas angústias não são exclusividade da nossa mente confusa, traz uma certa paz! Enfim! Parabéns e Obrigado =)

Rafaella disse...

Sim, é meu o texto. :)
Que bom que você se identificou, adoro quando isso acontece comigo também...
Obrigada pelo elogio. :)