domingo, 24 de maio de 2009

(In)gratidão

Sim, faça salada para mim. E esquente essa comida que, na verdade, não quero. Não que eu não goste de catado de siri, eu amo. Mas hoje não quero. Pelo menos é melhor do que hamburguer congelado. Quando a gente vê o hamburguer congelado ele parece grande e até comestível, mas quando esquentamos ele fica pequeno, fino e estranho. Não, não gosto de hamburguer congelado para almoçar, mesmo que você coloque mil coisas junto a ele dentro do pão. Então eu aceito a outra opção. Salada, arroz e catado de siri. Não me apetece em nada comer isso hoje, mas tenho fome.
Você tenta de tudo para me deixar bem, eu sei. Tenta me convencer a comer um "apetitoso 'x-tudo' que você vai preparar", ou a massa sem graça de sempre com frango assado. A comida típica de domingos. Odeio. Odeio isso sempre. Acho que esse é um dos motivos de eu odiar domingos.
Não quero parecer chata, infantil e ingrata. Não sou assim. Mas é inevitável agir assim, às vezes. Sei que antes de reclamar de tudo que não gosto tenho que pensar que pelo menos tenho o que comer, e no quanto meus pais trabalham para me dar essa comida "não querida" por mim; no quanto eles se esforçam para tentar me deixar satisfeita... E ao mesmo tempo em que explodo, me sinto uma criança boba reclamando, e penso em tudo isso. Porque por mais que o almoço não esteja nas minhas devidas vontades e por mais que isso me deixe com uma raiva infantil, incontrolável e estranha, quando ouvi minha mãe, zelosa e preocupada em me fazer feliz (mesmo que com tão pouco), perguntar: "Quer uma saladinha também, Rafa?", eu caí na real. Eu percebi que não importa o quanto eu odeie hamburguer congelado no almoço, e o quanto eu não queira comer catado de siri hoje. Eu aceito a saladinha, mãe.


Eu sou muito grata por ter tudo que tenho - desde a comida na mesa até essa mãe maravilhosa.

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