Vocês sumiram das minhas prioridades e eu sumi das suas; mas vocês foram embora de vez e eu nunca consegui ir de verdade, mesmo querendo muito. Aliás, vocês nunca estiveram aqui e eu sempre tentei, ao máximo, trazê-las para perto, mas é claro que um dia cansei, e isso todo mundo já sabe.
Hoje já não temos quase nada. Eu entendo que praticamente tudo não passe de superficialidade, e que o resquício de carinho - ou qualquer coisa do tipo - só existe por conta das lembranças... E também existe muito devido ao meu jeito, já que eu nunca as deixei realmente.
Eu consigo entender que não há mais como existir cumplicidade, até mesmo confiança... Eu só não queria ter que me sentir tão só, num lugar onde sou obrigada a estar cada vez mais perto de pessoas que não tenho mais proximidade, e de outras que nunca tive - nem conseguirei ter algum dia.
Não é que eu queira tudo de volta. Não quero o passado... Até porque, de certa forma, prefiro tudo como está. Prefiro saber o que cada um realmente é, sente... Prefiro saber onde cada um quer estar: longe de quem, perto de quem. E sei que hoje só estamos próximas porque é inevitável. Afinal, percebo que preferíamos estar mais distantes. Mas, ainda assim, eu só queria conseguir encontrar um pouco mais de vocês em mim. Pela necessidade da solidão dos meus dias, admito... Mas também pela saudade que eu tenho de quando as coisas ainda faziam algum sentido, de quando a gente ainda fazia algum sentido.
Mas hoje já não temos quase nada. Já não somos muita coisa.
É triste não ter; muito mais triste é não ser...