segunda-feira, 29 de junho de 2015

saudade de tu

Lembro quando o vi pela primeira vez. "Ele tem um jeito apaixonante". Mas fui tentando deixar os pés no chão, pelo menos por algum tempo. Eu, que sempre tive mania de amar as utopias, tinha nas mãos uma das grandes e não podia deixar que essa me pegasse de jeito. Porque dessa vez, eu estava olhando mais para mim mesma, vivendo um momento de autoconhecimento, e era necessário manter o controle. E eu queria viver o impulso do meu desejo dessa forma. Muitas vezes me vi nos piores conflitos internos possíveis, porque pensar e agir é mais difícil do que parece, pelo menos para mim. Éramos muito diferentes, de mundos diferentes... um caso Romeu e Julieta, o qual nunca pensei que me importaria se acontecesse na minha vida e enfrentaria firmemente, mas nunca achei que aconteceria, na realidade.

No fim das contas, nada parecido com um romance de Shakespeare chegou a acontecer. Um dia percebi que definitivamente não estávamos em sintonia, mas uma parte de mim não tinha nada a perder e ainda podia tentar. E eu tentei. Pensava no seu abraço e como a gente se encaixou perfeitamente. Pensava nas inúmeras novidades que eu aprenderia nas nossas conversas, em que ele falava mais do que eu, mas normalmente eu não ligava. E continuei tentando. Até o dia em que vi que não queria mais tentar sem que alguém tentasse por mim também.

Lembro quando percebi que eu queria mais do que um amigo e que talvez eu não soubesse continuar dominando meus sentimentos de forma racional. Eu sempre soube que esse não seria um feliz para sempre, e que um dia ele iria embora de alguma forma. Esperava que a despedida acontecesse de verdade, que eu pudesse falar "você tem um jeito apaixonante" e quem sabe a despedida se transformasse em recomeço. Ou simplesmente acontecesse um aperto de mão para selar o fim. Mas o fim se deu com o silêncio. Às vezes isso basta, mas não para mim.



domingo, 4 de janeiro de 2015

desculpa o amor

Para o fim e o (re)começo, primeiramente (ou somente) peço desculpas a mim mesma. Pelos retornos que não dei. Pelos nãos que precisei dizer. Pelo que concordei e acatei sem querer. Pelos dias procrastinados e descomprometidos. Pela falta de iniciativa para conseguir dias melhores. Por esperar demais sem agir.
Desculpas pelos abraços e sorrisos não concedidos (e muitas vezes sufocados). Pelas palavras não proferidas e olhares desviados. Pela resistência ao novo e desconhecido. Por não tentar mais uma vez e pelo sim não dito. 
Enfim, lamento os desencontros que o acaso e as escolhas (principalmente) causam. Para além, espero encontros verdadeiros. Nada vai mudar muito porque acertar é bem difícil, mas um dia a gente aprende a, pelo menos, aprender direito.

tonto mar

estou pequena, perdida e zonza.
porque você dominou meu raio de existência 
perto ou longe daqui.
meu espaço não existe, estou sufocada e presa.
cheia e cansada de você e das ondas que sobraram, 
em todos os cantos e sentidos. 
vazia de mim.

domingo, 23 de novembro de 2014

sempre houve um muro. talvez três muros: cada mundo tinha sua fronteira e não queria rompê-la, as fronteiras se estenderam em um forte cheio de estratégias de defesa. vez ou outra era possível enxergar através do muro, por pequenos buracos, e perceber interesse e curiosidade. vez ou outra um dos mundos sentia-se leve e ia quebrando um pedacinho da sua fronteira... mas nunca houve uma revolução que derrubasse tudo, causando o encontro total dos mundos. esse contato seria arriscado, geraria conflitos, revelaria medos e segredos. mas, por outro lado, em algum momento poderia vir a se tornar uma relação de identificação e paz.
certo dia, uma ventania passou em apenas um dos mundos, derrubou a fortaleza que o envolvia e arrastou tudo pra longe, pro universo, pro vazio... pro perdido. separou de vez os dois lados desse jogo impossível. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vivo em nós

Exatamente assim, menino: em segundos, tudo pode mudar em nossa vida. Não é uma frase clichê que a gente vê em filmes, livros e músicas. É realidade. 
Hoje consigo me sentir viva e leve em muitos momentos. Nessas horas é como se aqueles segundos não tivessem existido e tudo estivesse como sempre esteve. Mas quando percebo que passei o dia sem lembrar de nunca esquecer você, tudo dói. Não me sinto bem com a permissão de viver um dia após o outro sem o peso que antes existia, sem você por perto de alguma forma.
Mas sei que lembrar fica mais fácil, com o tempo. Nunca será a mesma coisa que era antes de tudo, nunca será leve. Mas não precisa ser tão pesado trazer você para perto. Ainda há vida em mim e não quero perdê-la. E você faz parte de tantos sorrisos (e lágrimas), que é difícil dizer que não esteja vivo. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ainda é janeiro

No fundo, a gente sempre espera dos outros. Não precisa ser muito "no fundo", na verdade. Pode ser mais superficialmente. Não tem jeito: às vezes queremos troca, encontro real. Talvez eu espere demais, fique presa ao tempo-espaço de um acontecimento ultrapassado, que não passa dentro de mim. É sempre assim. Sou escrava do tempo dos ponteiros reais e do meu tempo também, que tem um "tic-tac" muito mais comprido, que às vezes para, como agora. Meu relógio parece estar quebrado. Eu aguardo... o mundo e a vida dão mil voltas. E a esperança surge, junto com o passar cronológico, e com o meu parado tempo. 
Por conta desse tudo-nada, eu não sei viver um dia de cada vez, não sei viver o hoje sem me preocupar com o amanhã. Eu sempre espero. Quero possuir o tempo, mas é ele que me possui, passa por mim enquanto aguardo e renovo as expectativas ainda mais, por cada vez menos. 
Eu tenho medo de ficar para sempre nesse descompasso. Por causa da espera e da esperança. Pelo outro? Pelo (im)previsível? Por nada.
Talvez eu perca muito mais além do tempo, esperando tanto... e recebendo tão pouco.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Os muitos ocos da vida preencherão o perdido?
Talvez nunca feche a ferida.
A dor se acomoda. E incomoda.
A gente se acostuma.
Aos poucos ocos opacos, a gente vai levando o que ficou, limpando o que sobrou.
Mas a gente ainda busca o que perdeu, mesmo tentando esquecer. Mesmo tentando se acostumar com nossas dores crônicas.