Lembro quando o vi pela primeira vez. "Ele tem um jeito apaixonante". Mas fui tentando deixar os pés no chão, pelo menos por algum tempo. Eu, que sempre tive mania de amar as utopias, tinha nas mãos uma das grandes e não podia deixar que essa me pegasse de jeito. Porque dessa vez, eu estava olhando mais para mim mesma, vivendo um momento de autoconhecimento, e era necessário manter o controle. E eu queria viver o impulso do meu desejo dessa forma. Muitas vezes me vi nos piores conflitos internos possíveis, porque pensar e agir é mais difícil do que parece, pelo menos para mim. Éramos muito diferentes, de mundos diferentes... um caso Romeu e Julieta, o qual nunca pensei que me importaria se acontecesse na minha vida e enfrentaria firmemente, mas nunca achei que aconteceria, na realidade.
No fim das contas, nada parecido com um romance de Shakespeare chegou a acontecer. Um dia percebi que definitivamente não estávamos em sintonia, mas uma parte de mim não tinha nada a perder e ainda podia tentar. E eu tentei. Pensava no seu abraço e como a gente se encaixou perfeitamente. Pensava nas inúmeras novidades que eu aprenderia nas nossas conversas, em que ele falava mais do que eu, mas normalmente eu não ligava. E continuei tentando. Até o dia em que vi que não queria mais tentar sem que alguém tentasse por mim também.
Lembro quando percebi que eu queria mais do que um amigo e que talvez eu não soubesse continuar dominando meus sentimentos de forma racional. Eu sempre soube que esse não seria um feliz para sempre, e que um dia ele iria embora de alguma forma. Esperava que a despedida acontecesse de verdade, que eu pudesse falar "você tem um jeito apaixonante" e quem sabe a despedida se transformasse em recomeço. Ou simplesmente acontecesse um aperto de mão para selar o fim. Mas o fim se deu com o silêncio. Às vezes isso basta, mas não para mim.